Quem se detém a estudar às obras espíritas, sejam Kardecistas ou
umbandistas, conclui que a
totalidade dos autores afirma,
categoricamente, que os médiuns completamente inconscientes são casos raros,
raríssimos, sendo que muitos defendem a mediunidade consciente como
perfeitamente cabível nos trabalhos de Umbanda e outros (como Matta e Silva,
por exemplo), não admitem o médium consciente total, exigindo, para uma
incorporação autêntica, a semi-inconsciência, onde o aparelho fica como que aturdido e sem forças para intervir naquilo que a Entidade está
querendo dizer.
O fato é que este ponto é um problema muito delicado para a
prática da mediunidade, pois, só com muita experiência, conseguimos fazer com
que o nosso psiquismo não interfira no trabalho dos guias e protetores,
principalmente quando o médium está lidando com pessoas de suas relações mais
chegadas, ou com parentes seus. Tirar a cabeça do médium dos trabalhos do Guia
é, justamente, uma das coisas mais difíceis de se conseguir, quando se é
novato, pois sempre acarreta dúvidas e preocupações, mormente naqueles que
receiam o fantasma da mistificação.
O mais engraçado é que pouquíssimos têm a coragem e a decência de
se confessarem conscientes ou, pelo menos, semi-inconscientes querendo todos
passar por médiuns mecânicos ou
inconscientes totais, o que a meu ver, já é uma prova de deslealdade
incompatível com o verdadeiro sacerdócio da missão mediúnica, na sua acepção
mais profunda. Eu mesmo, quando comecei na Umbanda, mantive a idéia, plenamente
enraizada, de que mediunidade era sinônimo de “inconsciência” na hora do transe
mediúnico.
Quando comecei a sentir as primeiras vibrações de aproximação das
Entidades, entrei em verdadeiro ESTADO DE PÂNICO, simplesmente porque, comigo,
não estava acontecendo, aquilo que todos em minha volta afirmavam: que eram
médiuns inconscientes. Mas não há mal que não traga um bem. Comecei a
desconfiar que TODOS não fossem tão inconscientes assim, quando, em mim, a consciência estava bem presente e firme.
Só havia um recurso: estudar o assunto.
Foi o que fiz, com vagar, com persistência e paciência.
Hoje, com uma apreciável bibliografia à minha disposição, posso
afirmar COM AUTORIDADE, “que todos aqueles que se diziam “inconscientes totais”
estavam “mentindo”, não sei com que intuito. A mediunidade mecânica,
inconsciente, em que o aparelho ficam como se estivesse em sono profundo é
extremamente raro no mundo inteiro, contando-se nos dedos aqueles que,
verdadeiramente, o são.
Na verdade, o que se passa no chamado “desenvolvimento” (palavra
inadequada) é que as Entidades “tomam o médium” em três fases distintas, a
saber:
1º) – Domínio das faculdades sensoriais;
2º) – Domínio das faculdades motoras;
3º) - Domínio das
faculdades psíquicas.
As primeiras manifestações são sensoriais, isto é, o médium começa
sentindo “algo de estranho”, mãos geladas, braços e pernas dormentes, frio na
espinha, na cabeça, na boca do estômago, etc. É a atuação das Entidades sobre
os plexos nervosos, como primeiro sinal de sua aproximação.
Em seguida, as Entidades passam a dominar as “faculdades motoras”
e o médium sente impossibilidade de desfazer certos gestos e atitudes que ele
tomou SEM SABER PORQUE, mas que não “tem forças” para impedir. Quando um
Caboclo DE VERDADE prende o braço esquerdo do médium nas suas costas, imóvel,
horas e horas, ou quando um preto velho verga as pernas do médium, este não
sabe porque, mas obedece, embora esteja “consciente” de que está fazendo aquele
gesto ou tomando aquela atitude.
São as suas faculdades motoras que, secundando as manifestações
sensoriais estão sendo “tomadas” CADA VEZ MAIS PELA Entidade, à medida que o
seu organismo se prepara para a missão mediúnica.
A última faculdade a se entregar ao domínio dos Guias e protetores
é, justamente, o psiquismo do médium, a sua consciência, a sua “guarda” para
tudo de estranho que está acontecendo com ele. Quanto mais culto o aparelho,
maior a sua resistência a entrega do seu psiquismo a atuação das Entidades de
incorporação.
Em primeiro lugar, vem o natural e louvável autopoliciamento do
médium que, quanto mais bem intencionado estiver, mais receoso ficará de estar
sendo tomado por sugestões neuro-anímicas motivadas pelo ambiente dos
terreiros. Quanto mais ele se autopoliciar, mais o seu psiquismo interfere,
fazendo com que a Entidade que se aproxima só consiga tomar 20% ou 30% da sua
vontade. É por isso que todo médium, seja qual for, começa muito anímico, com
10%, 20% ou 30% de incorporação, e consequentemente, com 90%, 80% ou 70% de
interferência do seu próprio “eu” nos trabalhos do Guia. Só com o tempo (muito
tempo), à medida que o médium vai tomando ciência do “sucesso” dos trabalhos do
seu Guia, é que as suas resistências psíquicas vão se quebrando e ele começa,
então, a progredir na escala de incorporação, muito temo ainda, com 40% ou 50%
do seu psiquismo "Fora do ar"” Os grandes estudiosos do assunto
consideram 50% uma "boa incorporação”, o que nos leva a concluir que a
coisa é muito seria mesmo. De 50% para cima o médium vai se apagando numa
espécie de “aturdimento” crescente com a porcentagem de incorporação
conseguida, isto é, de domínio da Entidade sobre o seu psiquismo. Os grandes
médiuns, que trabalham com ótimos Guias e dão boa passividade, ficam na faixa
dos 70%, chegando, às vezes, aos 80%. Jamais passam de 80%.
Texto enviado pelo CCT Anderson Zampier (Membro da Alta Cúpula do TEOM)
1 comentários:
Consciência?inconciencia?na incorporação que acordamos para vida ,no dia a dia é que estamos dormindo, muitas das vezes sonhando!Parabéns Anderson.
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