Em
minha experiência como Dirigente Espiritual, tenho constatado que não são
apenas as pessoas de fora que têm uma visão deturpada da Umbanda; muitos
médiuns atuantes também têm. Estar à frente de um terreiro é um verdadeiro
desafio, e não pela parte espiritual, pois trabalhar com os Orixás e guias é
simples e maravilhoso; difícil é lidar com os seres humanos.
Sei
que é comum em terreiros dizerem ao consulente que ele precisa “desenvolver”,
senão sua vida não irá pra frente, mas nunca vi ninguém explicar desenvolver o
que, pra que, porque e pra quem...
Se
tornar um Umbandista é assumir um compromisso perante a espiritualidade, mas
principalmente com sua própria evolução. As pessoas têm que saber que ser
médium é responsabilidade, dedicação, abnegação, firmeza.
E
por falar em firmeza, o que se faz fora do terreiro também faz parte do pacote;
sim, porque se é Umbandista 24 horas por dia, 7 dias por semana, 30 dias por
mês, 365 dias por ano. Os médiuns têm que saber que responderão por cada
palavra e gesto que praticarem em nome de seus guias, e isso é muito sério.
Guias
espirituais não vêm em terra pra beber, fumar e dançar; eles vêm trabalhar, e
não têm tempo a perder.
Muitos
acham que ser Umbandista é chegar no terreiro, encontrar tudo pronto,
incorporar (mesmo que não faça atendimento), pedir bebida, cigarro, dançar,
desincorporar e ir pra casa; e acreditem, acham que fizeram muito.
Ninguém
quer saber do trabalho que se têm pra manter tudo limpo (fisicamente e energeticamente
falando), dos gastos, do tempo empregado, cada um só quer saber dos seus
próprios problemas.
Eu
tenho certeza de que muitos dirigentes sabem do que eu estou falando: você está
correndo há dias, organizando tudo, arrumando flores, fazendo a comida, fazendo
firmezas, lutando pra que tudo corra bem, e chega um filho querendo te contar
um sonho que ele teve... Realmente eu não sei o que algumas pessoas estão
fazendo na Umbanda.
Não
dá pra ser quase Umbandista, nem mais ou menos Umbandista, isso é impossível.
Quem não tiver seriedade, amor, respeito suficiente, não perca seu tempo nem o
dos Guias; você não nasceu pra isso.
Quando
é que as pessoas vão entender que o terreiro é um local sagrado como qualquer
outro templo religioso?
Que
lá não é lugar de conversar, pensar nos problemas, no namorado, nos filhos, não
é lugar pra picuinhas, ciúme, competição entre quem aparece mais, quem sabe
mais ou quem manda mais?
Quando
é que a Umbanda vai ser tratada com todo o respeito e seriedade que ela merece?
Quando
é que as pessoas vão entender que é uma honra ter um Orixá no terreiro, ter um
Guia Espiritual pra nos orientar, enxugar nossas lágrimas, nos aconselhar,
enfim, nos ajudar em nossa caminhada evolutiva?
Poucos
se dão conta disso, mas o terreiro é a casa dos seus Orixás e guias, é a casa
onde eles se manifestam, e cada um que ali pisa tem a obrigação de zelar por
ele.
Muitos
zelam muito mais pelo seu próprio carro do que pelo seu terreiro; outros morrem
de medo de perder o emprego, perder o namorado, perder a balada, mas não temem
que seu guia se canse e vá embora, afinal, ele já faz muito de ir ao terreiro
de vez em quando.
Inclusive,
para muitos, ficar batendo de terreiro em terreiro e “dar passagem” de vez em
quando aos guias é mais do que suficiente... Sinceramente, tenho pena de
pessoas assim, porque os guias não precisam delas, é exatamente o contrário.
Acho
que os que se dizem Umbandistas deveriam fazer uma profunda reflexão sobre suas
escolhas; muitos entraram pra a Umbanda, mas a Umbanda não entrou neles...
Dizer
que é Umbandista da boca pra fora é muito fácil, mas lembrem-se: pode-se
enganar poucas pessoas por muito tempo, muitas pessoas por pouco tempo, mas não
se pode enganar todo mundo o tempo todo.
O
que dizemos e fazemos em nosso próprio nome tem um peso; no nome deles a
proporção é outra. Um dia encontraremos esses guias frente a frente, e
deveríamos viver de forma a ser motivo de orgulho pra eles quando esse dia
chegar.
De
certa forma, nós remamos contra a maré; porque temos que lidar com o
preconceito contra a nossa religião, contra os nossos guias “atrasados”, contra
a visão errada que muitos têm de nós. Mas quem tem Mamãe Iemanjá vencerá
qualquer tempestade, não é?
É
tão natural pra nós ter um guia em terra, que muitos se esquecem do quanto isso
é importante; tê-los por perto é benção, alegria, honra, sustentação, são a
resposta as nossas dúvidas, é alento aos nossos corações, é a manifestação do
amor e preocupação que Pai Tupã tem conosco.
Na
nossa pequenez podemos ser tão grandes, e na nossa grandeza podemos ser tão
pequenos aos olhos deles, só depende de nós, das nossas atitudes, pensamentos,
vibrações.
Nós,
Umbandistas, fazemos parte de algo tão grande; tanta coisa acontece num
trabalho espiritual, tantos irmãos são ajudados, sejam eles encarnados ou
desencarnados, a caridade se manifesta na forma mais pura.
Não
perca a chance de participar ativamente disso, não perca a chance de lutar pela
causa deles, que é a de dar um sentido às nossas vidas, evoluir e nos ajudar a
evoluir também.
Se
a Umbanda nos chamou é porque tem um propósito pra nós; não desperdicem o que
foi dado a vocês enquanto outros não tiveram a mesma sorte.
Se
queremos que a nossa querida Umbanda Sagrada seja vista com outros olhos,
comecemos por nós mesmos...
SARAVÁ!!!
Mensagem enviada pelo CCT Anderson Zampier (membro da Alta Cúpula do TEOM)
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